Entre as lacunas existentes na história da educação no Brasil, a da educação profissional não é das menores. Parece que os historiadores dão preferência -se não exclusividade- à educação escolar pela qual eles mesmos passaram,
reforçando, implicitamente, a ideologia da escola única e unificadora (Baudelot & Establet, 1972). Mesmo sem compartilhar "a nostalgia do mestre-
artesão" de Antonio Santoni Rugiu (1998), entendo que, pelo menos num aspecto, cabe ao Brasil o julgamento feito por ele para a Itália: o ponto de vista das classes dirigentes e -acrescento eu- de seus intelectuais é o de que a verdadeira educação é unicamente a que se assimila por meio do estudo nos livros e escutando a voz do mestre, nas carteiras das escolas ou da universidade. Para as classes dirigentes e seus intelectuais, nem mesmo pode ser considerada educação -ao menos uma educação autêntica-, a que se desenvolve nas inóspitas oficinas, sujando-se as mãos na produção de objetos materiais com finalidade
utilitária.